Quero contar algumas histórias verídicas e recentes para explicar e provar como cheguei a essa conclusão de que os homens conhecidos como “de Deus” são na verdade mais parecidos com o diabo, enquanto os homens do povo, em quaisquer instâncias, são mais parecidos com o nosso Deus, Jesus Cristo, o homem de Nazaré.
Sobre um homem de Deus moderno, que para muitos é a máxima expressão do Cristo entre nós, ao ver sua vida não podemos levar em conta sua mansões, seus dois aviões, seu helicóptero, suas fazendas, tampouco a forma déspota e ditatorial com que trata sua igreja/empresa, nem sua maneira grosseira de responder e tratar seus súditos/empregados. Sua igreja arrecada mais de um bilhão de reais por ano, e o homem de Deus que a governa faz dela o que bem deseja.
Na minha caminhada eu conheci “homens de Deus” que nunca se contentavam apenas com sua mulher, e mantinham seus casos extraconjugais em segredo (para eles “santidade”) até que alguém os descobrisse, ou não. Caso fossem descobertos justificavam seu erro culpando o diabo, ou abandonando sua família para se juntar à mulher de Deus para ele; outros faziam grandes cenas de arrependimento, voltavam para as pobres mulheres que os perdoavam, entrando num ciclo de vicioso de morde-assopra, ou larga-e-volta.
Conheci homens de Deus que não construíam seus impérios religiosos, mas faziam da igreja seu álibi perfeito para sua vida dúbia de corrupção e santidade. Poucas coisas conferem tamanha credibilidade quanto o titulo de sacerdote, seja ele qual for (mesmo que ultimamente nossa classe pastoral esteja quase tão maculada quanto a classe política). A igreja se faz necessário, para que os outros acreditem que o homem é piedoso e religioso, e de certa forma ético e moral, haja vista que sua vida secreta imoral poderia engendrar muitas dúvidas na sociedade.
Para alguns essa é a desculpa perfeita para justificar o injustificável: seu patrimônio absurdamente incompatível com sua renda de funcionário público, ou profissional liberal, ou ainda autônomo. Ao invés de ter de explicar aos quatros ventos de onde consegue dinheiro para sua vida de marajá, é muito mais fácil usar a máxima: “Deus é Fiel”. Afinal de contas, quem iria ousar questionar um homem de Deus quando ele disser: “Foi Deus quem deu!”?
Pois bem, eu poderia passar muitas linhas e parágrafos contando casos de “homens de Deus” e suas falcatruas em nome da fé, mas acredito que você conhece tanto disso quanto eu (talvez nem tanto, porém, certamente já ouviu boas histórias de corrupção, mentiras, traição e enriquecimento ilícito dentro da comunidade chamada “igreja”).
O que eu quero dizer com tudo isso é que a expressão “HOMEM DE DEUS”, acaba por gerar nos que se arrogam possuidores dela, um sentimento de jactância e soberba divinos, comparados ao de Lúcifer. É como se o sujeito ao ser chamado pelo pobre fiel de “homem de Deus”, se sentisse um enviado especial dos céus, com uma procuração assinada de próprio punho pelo Criador lhe dando poder e autoridade para, em nome do Deus Todo Poderoso Senhor da Vida e da Morte, cometesse as mais diversas atividades e atrocidades, sem que se sinta constrangido, quiçá arrependido, com total autoridade sobre todos os demais. Alguns no máximo são iguais a ele: “homens de Deus”, o restante são os pecadores infiéis.
Como eu já disse aqui mesmo no blog: “nasce um sentimento semelhante ao que houve no coração de Lúcifer, que quis ser mais do que era, sua soberba o fez cair. Um sentimento completamente diferente do que houve em Cristo Jesus, o qual sendo Deus, não usurpou ser igual a Deus, antes esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”
E não é preciso ser padre, pastor, apostolo ou qualquer outra baboseira clerical para arrogar ser o que não se pode ser, nunca. Basta usar a fé alheia para crescer, por vezes enriquecer, às custas de um ignorante que acredita que a oração e mensagem de um imbecil qualquer tem mais peso diante de Deus que a sua.
Outro dia um desses homens de Deus cobrou R$30,00 para fazer uma “oração forte” no monte, para acabar com um trabalho que havia sobre um amigo, caso ele não pagasse o “trabalho do inimigo” continuaria sobre a vida dele. O que são trinta reais??? Eu até posso pensar em entender um apostolo que se vende por milhões, mas por míseros trinta reais...se bem que o velho ditado diz que “de grão em grão a galinha enche o bico”.
Estou cansado de ouvir sobre “homens de Deus” que se dizem curandeiros, profeteiros, ungideiros, e que em seus guetos de atuação fazem carreira, fama e fortuna.
O que a bíblia diz sobre Jesus? Ele atuava no ministério profético? Ou no ministério de unção? Era um levita? Um patriarca? Seu ministério era a cura? Era um grande orador?
Uma olhada superficial na vida de Jesus nos mostra seu dia a dia focado em ajudar o próximo e apresentar Deus. Ele veio para dar sua vida em resgate de milhões, bilhões. Reclamava ao povo que vinha até ele só por aquilo que ele podia dar ou fazer, como curar e alimentá-los. Seu desejo maior era que cressem nele, e, crendo nele, se voltassem ao Pai.
Jesus viveu como pobre e entre os pecadores. Em Mateus 11:18-19 olha que ele fala de si mesmo: “Pois veio João, que jejua e não bebe vinho, e dizem: Ele tem demônio. Veio o filho do homem comendo e bebendo, e dizem: Ai está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é comprovada pelas obras que a acompanham.”
Mais para frente ainda em Mateus, diziam que Jesus expulsava demônios em nome de Belzebu, ou seja, acreditavam que ele era um “endomoniado”.
O que fica claro na vida de Jesus é que ele era um “homem do povo”. Estava onde o povo estava, vivia a vida do povo. Dois terços do império romano era composto de escravos, e foi assim que ele se apresentou: como escravo (doulos). Curava e dizia que não dissessem que ele era nem o que fazia. Não gritava nas praças, nem discutia religião e teologia com os “infiéis”, afinal de conta ele era considerado um “herege infiel”. Jesus amava o pobre, o doente, o renegado, o pecador, o publicano, o excluído, o diferente, enfim, JESUS AMAVA O POVO. JESUS AMA O SER HUMANO.
Quando um “homem de Deus” passa e as pessoas apontam e dizem: “Ai vai um homem de Deus”, o cara se sente superior aos demais, e sequer pode demonstrar quem realmente é na frente da comunidade. Sua postura de super herói faz mal inclusive a ele e sua família. Afinal de contas, ninguém é melhor de ninguém, somos todos iguais, com capacidades e condições diferentes, não melhor ou pior, apenas diferente!
Quando me apresentam um “homem de Deus” eu já penso: “ai vem mais um arrogante, preconceituoso, hipócrita, que faz da religião sua carreira de sucesso, e da fé alheia seu ganha pão exacerbado”, porque geralmente a postura do cara é essa mesmo. Alguns poucos se mostram humildes, pois estes não arrogam ser o que apenas Deus é!
Eu tinha muito para falar, mas se você chegou até aqui, parabéns leu quase três laudas na internet se considere um intelectual ávido por leitura e conhecimento.
Quanto a mim, podem me chamar de amigo dos pecadores, afinal eu sou um deles, talvez um dos maiores...e conto com a graça de Jesus. Comendo e bebendo com pecadores eu continuo crendo que a sabedoria é justificada por meus filhos, e que mais vale a misericórdia do que o sacrifício, conhecer a Deus vale mais do que qualquer coisa que eu possa oferecer!
Depois escrevo mais...
Que Deus nos guarde!
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