“Deus não permitirá que meu campo fique improdutivo.
O arado é afiado; as patas do dos bois, pesadas.
Machucam.
Contudo, não posso impedir que Deus are este terreno.
Ele não permitirá que meu campo fique improdutivo “ Karle W. Baker
Esta frase está no devocional “Mananciais no Deserto” de hoje (17/03), e parece ter sido inserida milimetricamente para aguçar minha espiritualidade num dia em que me sinto angustiado e saudoso pela distância dos púlpitos.
O texto do devocional começa com este versículo: “Porventura, lavra todo dia o lavrador, para semear?” (Is 28:24), e fala de aspectos do tratamento de Deus em nossas vidas que só são explicados quando o fruto da dor brota aos olhos. É como arar a terra, que pode até ser ver e plaina, mas é sulcada e machucada para que a semente seja plantada, germine e cresça o produto final, o tão esperado fruto.
É incrível como em nossa vida acontece do mesmo jeito. A semelhança é assustadora, e nos faz entender porque Cristo usava constantemente a analogia da terra e do arado em suas parábolas. Porque é assim que a coisa acontece; sem muita explicação é assim que Deus age. Talvez porque o pecado é tão presente, tão vivo, constante e real que cabe a Deus esperar que ele nos estrague, machuque e deixa marcas para que então, e só então, possamos ser arados pelo poder restaurador e curador do Espírito Santo.
Eu não sei se meu processo de semeadura durou 25 ou 5 anos, talvez eu esteja equivocado e meu sofrimento não se estenda apenas de 2005 pra cá; é possível que meu tempo de preparo da terra para o ministério não esteja entrando no quarto, mas sim no 27º ano. O que sei conto agora:
É notório que me afastei do meu ministério, principalmente nos últimos dois anos. Vivi muita coisa ruim, poucas coisas boas. Experimentei muita coisa. Quase não chorei. Raras vezes me emocionei com alguma questão ligada à fé. Chorei com o esporte, com caridade e até com os depoimentos da novela. Mas da igreja eu criei barreiras, feridas e preconceitos, que começaram a ser quebrados em algum ponto que não consigo distinguir qual (como uma semente que se arrebenta para invadir o solo que lhe garantirá vida).
É claro que nunca mais seremos os mesmos depois de passarmos pelo sofrimento (arado), porém, não podemos retroceder em maturidade e espírito, pelo contrário, usando a metáfora da semente: depois de passarmos por esse processo a única coisa que nos resta é frutificar, ou morrer.
Eu não quero morrer. Fui como uma semente que se estraçalhou, uma que precisou morrer para poder continuar crescendo. Talvez outras sementes sejam, e certamente existem as tais, mais fortes do que eu. Sementes que pouco permanecem enterradas antes de aparecer na superfície da terra. E logo germinam, frutificam e dão frutos que geram outros frutos.
Agora me sinto como se me ramificando pela terra que me enterra. Em breve eu saio da terra (literalmente saio para fora), e começo a crescer, rumo a dar frutos.
Demorou. Doeu. Mas, dará resultados a semente enterrada.
Onde entra o evangelho nisso tudo?
No próximo post eu conto!
Comentários