Acabo de postar algo sobre a saudade. E quero continuar a falar dela (depois eu escrevo sobre algo que realmente possa ser considerado evangélico, devocional ou benéfico para alguém).
Eu falo da saudade porque ela tem coordenado todas as minhas ações. Eu acordo sentindo saudades, passo o dia todo pensando, e vou dormir sentindo uma angustia e um aperto no peito que penso não ser capaz de suportar por mais um dia; porém, quando a noite passa, o sono mal dormido é interrompido pelo alarme do celular, novamente ela está lá, a saudade, com suas garras cravadas nas minhas entranhas, tornando minha existência quase que insuportável.
É tanta a vontade de pregar, que por vezes eu prego sozinho, crio imensos sermões na minha mente, choro sozinho dentro do carro, e prego deitado antes de dormir. Prego para multidões; prego para um; prego para alguns; prego em plataformas; prego debaixo de árvores; prego até tomando banho, e faço tudo isso num estado letárgico semi-acordado (ou seria semi-dormindo?).
A alguns foi dado o privilégio de nascerem em berço de ouro e fazerem tudo o que sequer sonharam, fazem além dos sonhos; a outros não foi dado privilégio algum, a não ser o de respirar gratuitamente o ar poluído e mal cheiroso de uma atmosfera fétida e desesperançada; a outros foi dado um caminho tortuoso, como essa estrada no Afeganistão (http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1500778-5602,00-RODOVIA+NO+AFEGANISTAO+APRESENTA+CENAS+DE+BELEZA+E+MORTE.html); a outros, ainda, nada foi dado, a não ser a mazela de nascer onde se sofre, se perde e a morte é o bem que se anela diuturnamente.
Eu não seria hipócrita de reclamar da minha situação. Em hipótese alguma. O discernimento e conhecimento que tenho de evangelho são demasiadamente invejáveis, e isso é extremamente reconfortante e perturbador. Reconfortante por me dar a consciência do amor, do perdão e da misericórdia de um Deus que se revela em amor o tempo todo; perturbador por me dar a consciência da responsabilidade de anúncio desse Deus de amor a quem o enxerga como padrasto/religioso/cruel/implacável, ou a gente que sequer o enxerga.
Deus é amor. Sua história é de amor, e o Cristo, chave de todo o questionamento bíblico, nos prova o sentimento imensurável do Criador para conosco, criaturas falhas, mesquinhas, pecadoras e frágeis. A mente humana nunca entenderá a totalidade da dimensão desse amor, eu posso vivê-lo, mas não entendê-lo perfeitamente. É como o conceito de “Trindade”, tentar explicá-lo sem equívocos ou particulares interpretações é como discutir nosso gosto, impossível de se explicar e até mesmo de se provar.
São tantos os assuntos, ilustrações, aplicações, orações, perdões, esboços e conselhos que tenho pulsando dentro de mim para serem externados num púlpito que chego a questionar minha sanidade psíquica, haja vista que nada mais me catapulta tanta satisfação e desejo, quanto a vontade e vivência de se pregar o evangelho.
Que Deus me ajude. Que eu me consagre e que seja feita a vontade de Deus.
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