Começo esse artigo com a finalização interrogativa de um texto de Rubem Alves, encontrado em: http://oficinateologica.blogspot.com/2007/02/preciso-saber-de-cor.html:
"...Ai eu pergunto: porque nossos seminários (e igrejas, e EBDs e mesmos as escolas tradicionais) ainda insistem em decoreba?"
A mesma pergunta que Rubem Alves faz eu me fiz há cerca de um ano, na época eu estava saindo de um seminário teológico e começando um ministério pastoral numa pequena igreja de periferia, e a realidade que encontrei me levou a dúvidas introspectivas, que minha limitada mente e minha curta vivissecção do cosmos não poderão dirimir de modo satisfatório.
Diante do cotidiano educacional da minha paróquia, eu me encontrava cada vez mais sorumbático e meditabundo. De tal maneira que descobri que uma mente e uma boca aberta de um novel não é algo muito bem vindo em uma instituição quase milenar, permeada de dogmas e preconceitos (que por incrível que pareça não fazem parte de seu arcabouço histórico). Antes de continuar a falar sobre a duvida do teólogo, deixe-me uma breve divagação acerca de nossa história denominacional.
Como batista, vivo num dilema dentro de uma iminente derrocada de nossa histórica cooperação, mas descobri que não somos filhos da reforma, nem tampouco fazemos parte de um questionável “neopentecostalismo”. Sou apaixonado pela linha que prega que descendemos dos três “J”: João, Jordão e Jesus, mas prová-la documentalmente é tão difícil quanto convencer um corintiano de que o “Brasileirão de 2005 foi comprado”.
Mas me entusiasma a idéia de que somos fruto de um movimento cristão não-católico, que pregava o (re)batismo do fiel que uma vez se arrependeu conscientemente do seu pecado. C.H Spurgeon escreveu o seguinte:
A mesma pergunta que Rubem Alves faz eu me fiz há cerca de um ano, na época eu estava saindo de um seminário teológico e começando um ministério pastoral numa pequena igreja de periferia, e a realidade que encontrei me levou a dúvidas introspectivas, que minha limitada mente e minha curta vivissecção do cosmos não poderão dirimir de modo satisfatório.
Diante do cotidiano educacional da minha paróquia, eu me encontrava cada vez mais sorumbático e meditabundo. De tal maneira que descobri que uma mente e uma boca aberta de um novel não é algo muito bem vindo em uma instituição quase milenar, permeada de dogmas e preconceitos (que por incrível que pareça não fazem parte de seu arcabouço histórico). Antes de continuar a falar sobre a duvida do teólogo, deixe-me uma breve divagação acerca de nossa história denominacional.
Como batista, vivo num dilema dentro de uma iminente derrocada de nossa histórica cooperação, mas descobri que não somos filhos da reforma, nem tampouco fazemos parte de um questionável “neopentecostalismo”. Sou apaixonado pela linha que prega que descendemos dos três “J”: João, Jordão e Jesus, mas prová-la documentalmente é tão difícil quanto convencer um corintiano de que o “Brasileirão de 2005 foi comprado”.
Mas me entusiasma a idéia de que somos fruto de um movimento cristão não-católico, que pregava o (re)batismo do fiel que uma vez se arrependeu conscientemente do seu pecado. C.H Spurgeon escreveu o seguinte:
"Acreditamos que os Batistas são os Cristãos originais. Nossa existência não iniciou-se com a reforma, nós fomos reformistas antes de Luther ou Calvin nascerem; nós nunca viemos da Igreja de Roma, pois nela nunca estivemos, mas nós temos uma ligação ininterrupta aos próprios apóstolos. Nós sempre existimos desde os dias de Cristo, e nossos princípios, algumas vezes são ignorados ou esquecidos, como um rio que tem que percorrer sob o chão por uma curto período, têm tido sempre seguidores honestos e piedosos. ...Nós, conhecidos entre os homens, por todas as idades, por vários nomes, como Donatistas, Novacianos, Paulicianos, Petrobrussianos, Cátaros, Arnoldistas, Hussites, Valdenses, Lollardos e Anabatistas, temos lutado para a pureza da Igreja e sua distinção, e pela sua separação do governo humano. Nossos pais foram homens acostumados com as dificuldades, e não eram preguiçosos. Eles apresentam a nós, seus filhos, uma linha ininterrupta proveniente legitimamente dos apóstolos, não através da sujeira de Roma. ...Muito antes seus Protestantes serem conhecidos como tal, os horríveis Anabatistas, como foram injustamente chamados, eles estiveram protestando para "um só Senhor, uma só fé, e um só batismo....Na mesma hora que a igreja visível começou a afastar-se do verdadeiro Evangelho, estes homens surgiram para permanecerem fieis à verdade dos séculos. ...Às vezes, uma historiador mal intencionado procura nos dar a idéia de que eles tivessem morrido, bem como o lobo tivesse feito seu trabalho na ovelha. Mas, eis somos nós, abençoados e multiplicados" (Metropolitan Tabernacle Pulpit, 1881, p. 225 e 249).
Há também alguns pontos em nossa doutrina e conduta que nos difere abissalmente dos protestantes (bem como de evangélicos). Temos apenas as Escrituras como “CREDO” (, a Confissão de Fé de Westminster não pauta nem alicerça nossa doutrina, a bíblia o faz suficientemente), e interpretamos o V.T à luz do N.T e da revelação plena de Deus, Cristo Jesus.
Algumas outras rusgas teológicas quanto à nossa história, salvação e ordenanças nos diferem dos de origem reformadora. E eu me alegro muito com isso, me nasce uma alegria repentina e estranhamente regozijosa em saber que faço parte de uma igreja que não é filha do Catolicismo nem do protestantismo. Ambas nos perseguiram. Mas também estou convicto de que esta é apenas minha opinião (de Spurgeon e alguns outros também).
Aprendi no seminário que a alta critica da história credita nossa origem ao pastor John Smyth e ao advogado Tomas Helwys, que data do começo do séc. XXVII. Gosto de ouvir: “Os batistas saem direto das páginas do Novo Testamento”. Enfim, eu escrevi tudo isso apenas para dizer que não devíamos ser dogmáticos e preconceituosos (no sentido de discrimar). Como “igreja do Senhor Jesus” sofremos perseguição por quem reformou, e por quem contra-reformou, devíamos ser abertos a novas perspectivas de ensino, desde que não fujão de nossa doutrina bíblica.
Voltando à pergunta do Rubem Alves, nós tínhamos (alguns ainda tem), seu fornecedor principal de ensino teológico. As revistinhas de EBD, são preparadas em cima de uma grade curricular com sete anos de duração (84 meses). Ao final desse período eu me pergunto: Estudei por sete anos lições decorativas , muitas delas sem aplicação prática real, e posso dizer que me formei em que? Ou para que?
Na minha singela realidade tentei apresentar um outro currículo, uma outra alternativa de ensino mais alinhada com a realidade eclesiástica, mas fui rechaçado por querer excluir um periódico que já é quase da família de tão antigo em nosso meio.
Há pouco mais de um ano atrás eu ainda era um seminarista, e posso dizer com propriedade que muito do que aprendi deixei na lata de lixo da frente do seminário assim que de lá sai. Para que serviu decorar a teologia sistemática de Erickson? se não posso aplica-la em minha comunidade de crentes; para que decorei por um semestre inteiro hebraico? se aquilo não era tempo suficiente, e o alfabeto decorado não me serve pra nada.
Como batistas não deveríamos ser mais abertos àquilo que o povo precisa? Não deveríamos ensinar aquilo que o povo necessita para viver seu dia-a-dia? Não é mais válido ensinar como se defender de heresias que batem a porta aos sábados pela manhã, do que ensinar os porquês de Paulo começar sua pregação nas Sinagogas? Não é mais importante mostrar que o salvo precisa praticar boas obras, do que ensinar somente (digo somente) que obras não salvam?
Algumas outras rusgas teológicas quanto à nossa história, salvação e ordenanças nos diferem dos de origem reformadora. E eu me alegro muito com isso, me nasce uma alegria repentina e estranhamente regozijosa em saber que faço parte de uma igreja que não é filha do Catolicismo nem do protestantismo. Ambas nos perseguiram. Mas também estou convicto de que esta é apenas minha opinião (de Spurgeon e alguns outros também).
Aprendi no seminário que a alta critica da história credita nossa origem ao pastor John Smyth e ao advogado Tomas Helwys, que data do começo do séc. XXVII. Gosto de ouvir: “Os batistas saem direto das páginas do Novo Testamento”. Enfim, eu escrevi tudo isso apenas para dizer que não devíamos ser dogmáticos e preconceituosos (no sentido de discrimar). Como “igreja do Senhor Jesus” sofremos perseguição por quem reformou, e por quem contra-reformou, devíamos ser abertos a novas perspectivas de ensino, desde que não fujão de nossa doutrina bíblica.
Voltando à pergunta do Rubem Alves, nós tínhamos (alguns ainda tem), seu fornecedor principal de ensino teológico. As revistinhas de EBD, são preparadas em cima de uma grade curricular com sete anos de duração (84 meses). Ao final desse período eu me pergunto: Estudei por sete anos lições decorativas , muitas delas sem aplicação prática real, e posso dizer que me formei em que? Ou para que?
Na minha singela realidade tentei apresentar um outro currículo, uma outra alternativa de ensino mais alinhada com a realidade eclesiástica, mas fui rechaçado por querer excluir um periódico que já é quase da família de tão antigo em nosso meio.
Há pouco mais de um ano atrás eu ainda era um seminarista, e posso dizer com propriedade que muito do que aprendi deixei na lata de lixo da frente do seminário assim que de lá sai. Para que serviu decorar a teologia sistemática de Erickson? se não posso aplica-la em minha comunidade de crentes; para que decorei por um semestre inteiro hebraico? se aquilo não era tempo suficiente, e o alfabeto decorado não me serve pra nada.
Como batistas não deveríamos ser mais abertos àquilo que o povo precisa? Não deveríamos ensinar aquilo que o povo necessita para viver seu dia-a-dia? Não é mais válido ensinar como se defender de heresias que batem a porta aos sábados pela manhã, do que ensinar os porquês de Paulo começar sua pregação nas Sinagogas? Não é mais importante mostrar que o salvo precisa praticar boas obras, do que ensinar somente (digo somente) que obras não salvam?
Eu por enquanto apenas pergunto...
Soli Deo Gloria
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