Passado já uma semana, hoje eu tomo coragem para escrever sobre a morte do meu tio Vino.
Às vezes parece que isso não aconteceu, tipo como o Senna em 1994, ou como quando eu ouvi em 1996 que os Mamonas tinham morrido todos, parecia não ser verdade. Não era possível, o Senna era bom demais para morrer fazendo o que melhor sabia fazer, e os Mamonas, não eram eles, tinham apenas um CD, faziam tanta gente feliz, e agora em 2007 o tio Vino, não é possível, ele era tão bom, tão amável e amado, porquê não outro?
Muitos porquês podem ser levantados, muitas justificativas contrárias a essas perdas, mas nenhuma delas negam os fatos ocorridos, nenhuma pode negar a realidade, e com o mundo real, com a dor e com lágrimas que temos de lidar.
É a comoção pública que toma fôlego agora, não mais o Tema da Vitória acompanhado da Bandeira do Brasil nas mãos do Ayrton, não mais as tardes de domingos animadas ao contagiante e cômico som dos Mamonas, não mais as ligações no dia do meu aniversário, carregadas de sinceridade e carinho nem tampouco as rodas de chimarrão em volta do Tio Vino.
Eu bem que tentei ser forte no dia do enterro do meu tio, como eu fui quando meus dois outros ídolos se foram, mas meu tio era muito mais do que um simples ídolo, ele era um exemplo pra mim, alguém próximo que me despertava amor e cuidado; quando meu pai esqueceu de demonstrar orgulho por minhas conquistas, ou simplesmente por mais um ano de vida, meu tio estava lá, na sua humildade, eu me lembro de ter chorado do outro lado da linha, depois de ouvir um: “O tio te ama!”
Perder meu tio, o ente mais querido que já faleceu, me despertou com uma força monstruosa um puro sentimento de família. Vi e vivi a importância de um núcleo bem equipado, de uma célula base bem alicerçada, de um grupo de pessoas com o mesmo sangue que se amparam. Nada paga demonstrações explicitas de: “Conte Comigo, eu compartilho sua dor, vamos chorar juntos e também continuar juntos!”.
Este evento significativo e marcante na minha vida, será lembrado por ser meu 1º culto fúnebre. Eu estava forte, era um baloarte da família, mas ter de pregar tendo o corpo inerte do meu tio do lado, foi demasiado pesado, foi dilacerante, não tenho idéia de como ou quanto tempo falei, e também nem sei se foram minhas palavras que arrancaram lágrimas, ou apenas a demora noturna de mais um velório.
Em meio a dor seja dada a Deus a Glória, a Ele nossa gratidão. A fidelidade de Deus é impressionante na vida dos seus, meu tio e sua família colheram os frutos de sua integridade e seu caráter. Sem dor, sem sofrimento e sem a perda da dignidade ele se foi, ouso dizer que meu tio imitou Enoque. Sua morte ficará marcada, também, como prova da fidelidade de Deus, que em sua Soberania levou meu tio, enquanto este repousava, e através da força da minha tia, nos legou sua consolação! A Ele todo o Louvor!
Só tempo aplacará a dor da saudade, e só o Espírito Santo consolará com paz celestial, e que assim seja! Minha dúvida é: Quem me alegrará com um telefonema todo dia 26 de abril? a vida dirá.
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