Eu pensei muito em qual nome dar a este post, ou melhor, em qual título dar a esta breve meditação...e cheguei a essa conclusão mais pacificadora do que polêmica: “A visão e seu lado nada evangelho”, quando na verdade eu queria dizer era...
O papa da visão é diabólico
“Em segundo lugar, lembrou o Ap. Renê Terra Nova, o líder deve preservar a identidade do seu líder. Ele nunca deve questionar a identidade de seu mentor, a identidade de sua liderança. No dia em que João Batista fez isso, perdeu a cabeça. Ele que havia preparado o caminho de Jesus, que era primo de Jesus, mas que perdeu o legado da identidade de Jesus, quando entrou na rota da suspeita da identidade de seu líder. “Herodes questionou a identidade de Jesus e foi comido por bichos. João Batista questionou a identidade de seu líder Jesus e por isso perdeu a cabeça. Todo aquele que duvida da identidade do líder perde a legitimidade e o legado da liderança de Jesus”, disse o Apóstolo. (fonte: www.reneterranova.com.br/blog)
Da primeira vez que eu li isso eu fui inundado por um sentimento de angustia. Se estivéssemos trabalhando num prisma humano, quem sabe social ou civil, então seria fácil explicar o sentimento, mais fácil ainda estipular a ação subseqüente.
Deixe-me explicar melhor:
Digamos que eu seja um médico pediatra. Tudo o que aprendi na faculdade, no meu tempo de residência e nos anos exercendo a profissão me provam que toda criança precisa de demasiado cuidado, e quando doente precisa de um diagnóstico para um posterior tratamento.
E de repente aparece um cidadão qualquer com uma descoberta fajuta de um medicamento placebo se propondo a curar crianças vitimas de câncer de sangue (leucemia), mas eu sou médico tratando há anos desse tipo de enfermidade e sei que essa proposta é fantasiosa, que a composição química é ineficaz e que a proposta de cura é completamente absurda.
Mas, esse pseudo-médico-curandeiro-pajé-inventor talvez até tenha feito faculdade, mas especializou-se no ramo do “charlatania geral”, e desde então vem amealhando riquezas e seguidores. Alguns se dizem curados pelo medicamento desse “papa da medicina moderna tupiniquim”, outros choram sobre os caixões de seus filhos que partiram vitimadas pela irresponsabilidade daqueles que ao invés de cuidar, expõe as crianças ao voraz apetite cancerígeno.
O que é que você faz numa situação dessa?
Denuncia. Procura os órgãos competentes, reúne um grupo de especialistas no assunto, estuda toda a patologia e profilaxia em questão contrastando com a proposta enganosa do pseudo-médico-curandeiro-pajé-inventor, de modo que a autoridade responsável tome as medidas cabíveis para coibir toda prática falaciosa em detrimento da vida humana.
Pronto. Entendeu?
Porém, no prisma espiritual, ou melhor, no campo da religião existe uma liberdade monstruosa, cada um é livre para crer no que bem entender, e praticar aquilo que lhe convém, desde que isso não interfira na integridade física ou psíquica de outros, pois se isso ocorrer então está caracterizado um crime, e os culpados serão punidos (por Deus ou pelos homens – exemplo disso é a recente condenação dos pais testemunhas de Jeová que impediram sua filha de receber doação de sangue, causando a morte da menina).
Mas, a dominação da “visão” é sutil, ela vem em forma de anjo de luz, de prosperidade, de bênçãos e de vontade de Deus. A visão se tornou objeto de adoração, e alguns dos “visionários” matariam por ela (se já não o fazem). A “visão” tomou o lugar da missão na práxis da igreja. Não se prega mais o evangelho, se propaga a “visão” agora.
A “visão” tomou o lugar da cruz e seu “patriarca” o lugar de Jesus. Os adeptos dessa prática abriram mão do simbolismo sacro da cruz e passaram a adotar toda a parafernália religiosa da “visão”. Outro dia eu vi na camisa de um pobre-crente-discipulo-legitimado-dozedealguém: “Geração shekiná – honram pastor (hoje já apostolo) X e pastora Y”.
Para um adepto da “visão” tudo passa a ser diferente. Ele assume uma nova identidade, lhe é incutido um desejo de primeiro servir (bestialmente seu líder), para então ser servido (com honras de chefe de Estado). Primeiro é preciso passar pela fase de ser discípulo, honrar e não questionar sua liderança, submeter-se cegamente ao ignorante (eufemismo) que lhe cobra respeito e honra. Mas, depois vem a parte boa, se for um bom discípulo, logo se tornará um discipulador, um líder capaz de ter o seu exército particular de súditos que lhe darão honra, autoridade e respeito.
Tudo isso é feito baseado numa “visão”, APARENTEMENTE cristã, mas NOTAVELMENTE diabólica. Porquê?
Jesus foi um grande líder? Promulgava sua liderança? Estimulava sua divindade? Incutia em seus seguidores a noção de superioridade a partir de uma legitimação profética e apostólica?
Vamos dar uma rápida olhada na vida de Cristo. Ele nasceu pobre, cresceu sem posses e fez um ministério de ensinamentos e curas a fim de cumprir sua missão e provar seu caráter messiânico. Em momento algum se vê Jesus menosprezando ou se exaltando como homem acima de outro homem, ou cobrando respeito e honra, somos nós que o exaltamos, é a palavra de Deus que exalta a Jesus de Nazaré, sua história e sua missão lhe dão nome que está acima de todo nome, porém esse na é o nosso destino. Nossa relação com ele gira em torno do AMOR.
“Tu me amas? Então apascenta as minhas ovelhas”.
Ele tratava seus discípulos da mesma maneira que tratou a mulher samaritana, fazia de endominhados, prostitutas, adúlteros e excluídos seus discípulos sem que fosse necessário legitimação ou curso de lideres ou qualquer outra baboseira gospel inventada pelos modelos pouco ortodoxos de hoje em dia. Jesus simplesmente dizia: “vai e diga aos outros o que te aconteceu”, ou seja, TESTEMUNHE.
Jesus não disse: “almas, células, células, almas”. Ele disse: “pregue as boas novas que falam de mim”. Ele NÃO disse: “liderem multidões”. Ele disse para servirmos ao próximo, amado-o como a nós mesmos. Ele não nos ensinou a requerer honra, nos ensinou a servir, lavando os pés como demonstração de humildade, serviço e entrega em prol ao outro, e não como mostra demagoga de uma prática que se propõe a servir como poste demonstrativo idolatra, ou seja, “vejam como sou humilde, como sigo a Cristo lavando os pés do meus 12”. De maneira que no meio da “visão” lavar os pés passou a ser uma cerimônia ritualística bestializada e estranha, de uma falsa humildade, requerente de honra e autoridade, o OPOSTO do que Jesus ensinava e vivia.
Jesus não veio fazer líderes, veio fazer servos. Os papas da visão são os filhos de Zebedeu que foram influenciados por Salomé, pois almejam a destra de Jesus, anseiam estar ao lado do trono liderando outros homens como Jesus faz. Será que nunca lerão a resposta de Jesus àquela mulher de coração soberbo?
“Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu vou beber? " "Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: "Certamente vocês beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados por meu Pai". Quando os outros dez ouviram isso, ficaram indignados com os dois irmãos. Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". (Mt 20: 22-28).
ENTRE VOCÊS NÃO SERÁ ASSIM...foi isso o que Jesus disse, entre nós será e tem de ser diferente. Não adianta a “visão” dizer que é porque o próprio Cristo disse que não é. Eu preciso servir. Preciso ser escravo. Pois é assim, e tão somente assim, que imito a Cristo e mostro ao mundo que sou dele!
Não é dentro de grandes templos ou catedrais, com assentos confortáveis e clima refrigerado, não é na doutrina da acusação, da ameaça, da invenção de taxas e ofertas, tampouco na consagração apostólica ou patriarcal que me torno parecido com Jesus, e aqui já respondo à pergunta que me foi feita um dia: EU NÃO QUERO SER APÓSTOLO. NÃO CREIO NO FUNDAMENTO BÍBLICO DA VISÃO.
Deve haver em nós o mesmos sentimento que houve em Cristo Jesus, humildade, servidão e entrega. O contrário disso, a mensagem pregada pela "visão", é o cerne do sentimento que houve em Satanás - usurpar ser igual a Deus; querer ser mais do que apenas um servo do reino que não é nosso, do qual somos apenas servos (e inúteis). No diabo e em Adão houve esse sentimento de querer mais glória, mais poder, mais conhecimento, mais legitimidade, mais súditos.
Em Cristo havia o oposto, um outro sentimento, que Paulo exemplifica com magnífica objetividade e sabedoria:
"(...) Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz (...)" (Fp 2: 3-8)
Creio no fundamento bíblico do amor, da esperança, da solidariedade, do perdão e da entrega pelo próximo. Creio no Cristo que veio para servir e não ser servido, e que deixou esse legado para os que nele crêem.
Para terminar (ainda que de maneira forçada) deixo um pensamento sobre a “visão”, pensemos nisso:
“E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós, é por nós.” (Mc 9:38-40)
Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2010/07/as-loucuras-de-rene-terra-nova-o-papa.html#ixzz11GiRuJVr
E aqui http://www.genizahvirtual.com/2010/11/uma-sobrevivente-da-visao-celular-de.html
Ao Cristo que nos deixou o exemplo seja toda a Glória
Comentários
Ass: Rock
todas as Palavras escolhidas por ti para esse texto são luz nas trevas da minha mente.
Cada dia que passa, eu agradeço mais a Deus por seguir esta visão que você, com tanto afinco, tentou criticar em seu post.
Outro texto que se encaixa perfeitamente é o de Mateus 7.
Quem sou eu para julgá-lo? Quem é você para me julgar?
Um dia todos passaremos pelo mesmo julgamento.
Shalom!
E nós continuamos pregando o evangelho...tendo mente a propagação da graça aos perdidos, sem nos esquecermos de importantes assuntos teológicos como a apologética...
Que Cristo nos guarde enquanto trabalhamos...
e 2º glória a Deus porque o g12 trouxe muita gente para perto do evangelho, e que Deus tenha misericórdia de seu patriarca pq ele tem afastado muitos também, e que Deus tenha misericórdia de mim também...pq eu tb erro e afasto alguns da graça: NOTE ISSO...afastar da igreja pode até não significar nada, mas afastar da graça é perigosissimo...ore por mim e ore pelo "patriarca"...q ambos busquemos a humildade!!!