Em Reverência...

Conta-se sobre Thomas Kempis, o cara que escreveu “Imitação de Cristo”, um clássico da literatura pietista medieval, que certa vez Deus o confrontou com tamanha graça santa que, daquele momento em diante, todas as palavras de Kempis “passaram a parecer palha”. Ele deixou de lado a caneta e nunca mais escreveu outra linha.
Que nos conta essa história é Max Lucado, num de seus livros, e ele diz mais, que tais momentos de silêncio podem ser chamados de “Reverência”.
Com isto eu posso dizer que passo por muitos momentos de reverência, causadas pela loucura que é se viver da fé em fé.
Por vezes é melhor se calar a falar coisas indevidas, blasfemar, murmurar, ou agredir com palavras proferidas que jamais voltarão para nossos lábios. Reverência é um termo sus generis, que serve muito bem como resposta do silêncio. A Resposta de não se pronunciar quando todos esperam seu parecer, a mesma reverência que Cristo teve quando se inclinou em João 8:6, na cena do texto ele ficou em reverência por um certo tempo, e ... “visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou...”.
Esse exemplo de Jesus com aquela que a história chamou de Suzana, nos ensina que esse silêncio proposital pode, e deve, ser proveitoso em muitas ocasiões.
No caso da armadilha dos fariseus, Cristo precisou de um tempo para talvez...pensar, afinal, os fariseus queriam ter uma base para acusá-lo, ele necessitava de sabedoria para lidar com o problema que lhe traziam, prestes a cometerem um ato de público de linchamento (o restante dessa história fica pro um outro artigo).
O fato é Ele precisou de tempo de reverência.
Hoje, fico reverente e até emocionado, meu blog ultrapassou mil visitas, fico consternado e até envergonhado por muitas vezes passar semanas sem postar nada, manter um “silêncio obsequioso” (o termo significa uma punição para o clero católico romano), mas tenho aprendido que às vezes é melhor se calar, do que lançar m...no ventilador, ou arrotar as feridas a todos os cantos do mundo virtual.
Muitos mestres apregoam que escrever é uma terapia. Meu grande Guru, Frei Betto, diz que não ficou louco na prisão pois usava a literatura como terapia e válvula de escape dos problemas e torturas sofridas nos porões da ditadura. A minha principal voz tem sido meus textos, como estou afastado dos gramados (quem lê, entenda), torno o livre usufruto virtual meu megafone justiceiro; com ele acuo e sentencio.
Todavia, como aconteceu a Kempis, Deus nos confronta com tamanha graça, ou dor, ou dádiva, ou correção, ou glória, ou alegria, ou sofrimento, ou seja lá o que for que vier dos céus, que a nós nos resta apenas a reverência.
Paremos então, reverentemente, e ouçamos o que o Criador do Universo tem a dizer. Não é possível que apenas Paulo Coelho tenha entendido que Deus usa o silêncio obsequioso para falar com seus filhos.
Eu fico pensando no quão fervorosamente Jesus orou ao Pai enquanto era acossado pelos fariseus, inclinado frente a seus acusadores, reverente à adúltera solitária, a rabiscar no chão o pecado de cada um dos raivosos e dolosos judeus. Seu estado letárgico, rápido é verdade, mas profundo na introspecção, me mostra que preciso pensar para falar. Às vezes, pensar muito tempo.
Posso te dizer que é o que tenho tentado fazer, nem sempre com êxito, mas com visível afinco em obter sucesso.
O que vale para mim, vale pra você: Se incline quando te confrontarem, ore e peça sabedoria a Deus (que a dá indistintamente), só então se pronuncie; caso contrário, o velho ditado tupiniquim será tua máxima de vida: se pensam que tu és um idiota calado, não abras a boca para que tenham certeza!

Soli Deo Gloria

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