Uma nova idéia - parte I

Choveu, choveu, ruiu, ruiu, chorei e ri, veio o vento, balancei mas não cai.

Não dei pra virar poeta não, deixo isso com gente com esse dom. Mas quero começar a retratar o que penso, o que creio e o que tenho proposto realizar.
Já escrevi sobre os dois turbilhões que me acometeram. O 1° de ter descoberto que tudo o que aprendi e fui treinado é bom, mas é limitante. E 2° de ter uma gritante necessidade de pregar o que tenho descoberto, a saber, o evangelho do perdão e da aceitação, uma mensagem sem discriminação, preconceitos ou julgamentos.
Comecei a pensar na realidade que estou inserido e na verdade que queria, e ainda quero, viver. O seminário me treinou para me adaptar e labutar numa igreja evangélica histórica, onde provavelmente a vontade a ser prevalente seria a de um ou alguns membros mais antigos ou abastados. E isso eu repudio, assim como repudio a invocação de mortos.
Tenho crido que a igreja é a comunidade onde se prega e vive amor ao próximo, sem pieguimos, sem hipocrisia, onde dizemos que amamos as “almas carentes das boas novas”, e fazemos um culto e vivemos voltados para atingi-las. Mas tenho visto isso. Tenho ouvido e visto: -“Amamos os não crentes, vamos ganhar almas para Cristo”, mas antes vamos satisfazer a nós mesmo, engordarmos; eu gosto de liturgia arcaica, com hinos do HCC, mensagem de 40 min, sem barulho, sem manifestações de alegria ou receptividade, sem boné, camisetas, calças, brincos, bermudas ou pecado. Balela!
Evangelho é outra coisa, é um lance mais espiritual, de coração. Conversão se dá no coração.
Aquilo que fazemos ou deixamos de fazer muitas vezes não é nada diante da imensidão interior da atuação espiritual. Deus age principalmente no invisível, no espírito. E isso eu não posso ver; nem sempre o que se vê é a primeira manifestação da conversão e, não necessariamente, o pós agir é a comprovação de Deus presente no coração. O homem é um ser complexo, a mais perfeita obra criada por Deus, e mudanças se dão, muitas vezes, de forma lenta e gradual. E não de uma hora pra outra.
Por isso fico pensando que a igreja segrega, separa, discrimina e afasta aquilo que não lhe é peculiar, ou que lhe causa estranheza, aquilo que é diferente causa repulsa na já estabelecida classe clerical dominante. Se sou diferente, então sou taxado como rebelde, ou alguém que “precisa se converter”, pro inferno com essa frase: -“Irmão, você acho que você precisa se converter, isso que você não é de crente”.
Quem pode dizer o que é de crente ou não? Quem disse que crente não erra? Se crente não pecasse a bíblia seria mentirosa! Outro dia ouvi: “Ah irmão, isso até soa bíblico, mas não é batista, então não podemos usar”! quem disse que ser batista tem preferência sobre ser bíblico? À semelhança do Caio, eu não também não quero mais essa igreja evangélica brasileira. Quero continuar na igreja batista, por razões já expressas (em artigos anteriores), creio que historicamente não somos evangélicos, por mais que pensemos e vivamos o contrário.
Quero ser bíblico, por mais que isso seja anti-evangélico, ou anti-batista. Quero viver sem a culpa de pecar contra a instituição igreja, pois a culpa do meu pecado contra Deus já foi lavada e levada na Cruz do calvário. Cristo já tomou sobre si minha culpa e meu pecado. O peso que me dá é a igreja. Em Cristo eu sou livre.
Mas a igreja me taxa de rebelde, herege, um “precisa se converter”, arrego para tudo isso!
Quero viver sem culpa, abrir o púlpito da minha igreja para pecadores sim, pois eu sou um inveterado pecador, gente com os mais variados pecados, mentiroso, homossexual, prostituta, fofoqueiro, feiticeiro, idólatra, adúltero, enfim iníquos.
Tenho por certo a vontade de perder a capa de apostolo-santo-ungido-enviado-bom pastor, pois sou apenas mais uma ovelha do rebanho de Cristo. Como disse meu mentor literário e litúrgico, uma ovelha que segue o bom pastor à frente de outras ovelhas. O bom pastor é Cristo, e somente Ele. É Ele quem deu, e ainda dá, a vida por suas ovelhas. Eu cuido do que é dEle.
Angustia caracteriza o que sinto agora, mas isso um dia muda. Incerteza quanto ao futuro, certeza do meu pecado hoje, tudo isso me faz angustiar por dentro, meu coração se assemelha ao ouriço. Se encaçapa ou encouraça-se!
Que Deus tenha misericórdia de mim, e daquilo que planejo.

Soli Deo Gloria

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