Prender ou Soltar Barrabás?

Ontem eu ouvia incessantemente: “Nem sempre o que o homem pede é pão, dizem por ai que a voz do povo é a voz de Deus, mas quando o povo pede pra matar um dos seus?..”, esse é um trecho da música “Cristo ou Barrabás” do Katsbarnea. E comecei a pensar, será que Barrabás foi solto apenas naquela fatídica tarde no oriente médio a aproximadamente 2000 anos? Não o soltamos diariamente dentro de nós? Existe um criminoso escondido dentro de mim? Mas não foi o próprio Eterno que quis soltar Barrabás em detrimento de seu filho Jesus?
Cristo ao responder a Pilatos (Governador Romano da Judéia) lhe disse em Jô 19:11: "...nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado...”, e pensei que isto era a vontade de Deus, e isso era mesmo a vontade de Deus, era necessário soltar Barrabás, e por quê seria necessário libertar esse criminoso assassino e insurgente? O que Deus pretendia com isso?
Ponderando esta manhã, me veio algo em mente que talvez soe como heresia (e talvez o seja), mas soltar o “Tiradentes” assassino judeu era dar uma nova esperança a um homem já condenado pelo mundo. Esse cara entrou para historia como um criminoso que foi solto no lugar de Jesus, às vezes pensamos que se não fosse por Ele Jesus estaria vivo até hoje, teria dominado o Império Romano, mas não, não é verdade, e nem possível; se assim fosse nem gentios salvos seríamos.
Barrabás é apenas um figurão sortudo que, como eu e você, ganhou uma nova chance em Cristo. Seria ele, certa e merecidamente, crucificado com aqueles dois ladrões (um dos quais encontraremos na Glória). Um dia assisti um filme em que Barrabás beijava Jesus e agradecia Jesus por ser liberto culpado, enquanto o inocente era preso e condenado; num outro filme ele menospreza, agride, calunia e cospe em Cristo. E estas cenas me levaram a outro pensamento: Quantas vezes eu tenho soltado Barrabás na minha vida e condenado Jesus?
Me identifico com esse insurgente do 1° séc, à medida que também ganhei a liberdade pelo sacrifício de Cristo. A história cristã não nos fala se o bandido se arrependeu ou não, mas creio que seu encontro com o “Deus Encarnado”, com o “Varão Perfeito” deve ter deixado sua marca de graça. Mesmo porque logo em seguida toda Jerusalém assistiu atônita e incrédula aos sinais que se seguiram à morte de Jesus, após ele haver exclamado em alta voz: ELI, ELI, LAMA SABACTÂNI. (Mt 27:46-54).
Eu acredito que até o pelé dos bandidos nesse dia reconheceu que “verdadeiramente aquele era o filho de Deus”. Mas então me sobreveio aquele outro pensamento: de que muitas vezes eu solto o criminoso insurgente dentro de mim, e prendo o Cristo libertador numa cela nas minhas entranhas.
Algumas vezes eu dou vazão a um sentimento contrário ao amor vivido e ensinado por Cristo, a emoções e atitudes que contradizem minha postura “evangélica”, e a vontade que tenho é deixar para trás o novo homem selado pelo Espírito -este que fala da parte daquele que me salvou-, e trazer de volta à vida o velho homem.
Ontem eu estava novamente com aquela expressão de dor interna (com a boca semi-aberta e etc, o que já escrevi noutro artigo aqui), e havia uma luta intensa em mim, o malfeitor insurgente que insiste que dar as caras no meu interior, e o mensageiro da parte do filho Deus travavam uma luta ferrenha, decorrente da minha dor. Eu queria era partir pra cima da fonte do problema, insurgir violentamente contra ela, deixar solto o velho barrabás, como um cão pit-bull e dizer: “vai la Barra! Acabe com eles!”; mas também havia o Cristo, humildemente postado ao lado do bandido, sua postura era tímida, mas majestal, quieta, mas impactante, humilde e profunda. E a voz que se ouvia dentro de mim era a mesma Vox Populi judaica de 2000 anos atrás: Solte Barrabás!
Mas o Cristo que profundamente se apoderou de mim, agora age numa atmosfera mais espiritual, e a Vox Dei ontem falou mais alto. Quero deixar morrer o Barrabás que habita no homem, essa é minha vontade, usar a liberdade oriunda do sacrifício de Cristo, mas deixar liberto no meu eu apenas o Cristo sem pecado.
Quantas vezes, olho agora para trás, vejo que soltei o Barrabás, que saiu criminalmente como uma palavra de ofensa professada que nunca voltará, ou como uma atitude violenta que feriu. Hoje tomo consciência que Cristo que precisa ser livre dentro de mim todos os dias, não que habite um demônio dentro de mim chamado “Barrabás” ou seja lá o que for, mas minha natureza humana é decaída, já sou salvo, mas ainda não desfruto de uma natureza gloriosa, tampouco de um corpo glorificado.
Creio que isso é algo relacionado a um maniqueísmo intrínseco à minha essência. Não se pode negar nossa natureza depravada. Todavia, uma coisa é clara, se o Cristo preso e morto pode ressuscitar mortos, imagine o Cristo solto dentro de nós!
Soltemos o Cristo e o amor permeava suas ações!

Soli Deo Gloria

Comentários

Regiani disse…
soltar o barrabs de dentro de nós e prender jesus em nosso coração esse é o sentido da mensagem