Vitimas do pecado, da ira, do demônio e de Deus?

A tragédia que assolou o Haiti talvez seja a pior catástrofe natural da história da humanidade, certamente está entre as dez maiores já registradas, hoje (20/01) uma semana após a tragédia o número de mortos chega a 150mil, 200mil feridos e mais de dois milhões de desabrigados. Isso sem mensurar especificamente cada caso de órfão, viúvos, pais que perderam filhos, famílias destruídas; é certo que praticamente todo haitiano perdeu um amigo ou um parente na tragédia. Ninguém saiu de todo ileso.

Aliado a todo o sofrimento há a violência. Todos os dias cenas de saques, roubos, furtos e uma série de outros crimes são cometidos sem que o Estado tenha a mínima de condição de punir ou prevenir. São tantas as mazelas daquele povo, que se torna mais emergencial salvar uma vida que proteger um cidadão.

Mesmo antes do terremoto, o Haiti já era um País miserável, entregue à sorte da podridão, da escuridão, do ocultismo, da corrupção, da violência e da ONU. Ele sequer consegue ser autóctone politicamente. Ou ONU ou caos. Ou doação ou morte. Ou seja: NADA.

Eu podia seguir uma linha existencialista, teologicamente falando, mas acredito que eu não estaria sendo verdadeiro comigo mesmo.

Pode parecer que não é assim, mas o blog é pessoal e não existencial, falo de mim, falo de Deus, falo de ESPIRITUALIDADE, e é esta linha que vou seguir.

O cônsul do Haiti no Brasil, George Samuel Antoine, foi duramente criticado por ter devotado às crendices africanas ocultistas (lê-se magia-negra) a causa dos tremores de terra na ilha. É claro que existe toda uma explicação geológica, e até esta tragédia serviu como alerta para a comunidade global traçar melhores estratégias de prevenção contra desastres naturais (terremotos, tsunamis, furacões, etc), porém eu acredito, como já escrevi aqui, que creio que é o Espiritual que rege o Material, e não vice-versa.

Deste modo, tem de haver, e eu creio que ela é preponderante, uma explicação para que um terremoto desta intensidade (o que não é raro, excluindo o fator epicentro) tenha devastado quase que todo um país. Como símbolo da fraqueza, no segundo dia a imagem do Presidente, René Préval, era desoladora. Ele dizia não ter onde dormir. Sua fala era frustrante e transtornada. Ele era a imagem do seu povo.

Então qual seria a razão para tanta destruição?

Deus? Diabo? Pecado? Ira?

Não quero cair no comodismo do maniqueísmo popular, mas também não posso negar o que sinto (ultimamente tenho sido regido mais pelo que sinto do que pelo sei), o que acaba por me convencer de que não é à toa um sofrimento tão grande, uma onda de violência tão avasaladora, fatores desesperadores tão exacerbados, mortes tão brutais, perdas irreparáveis, roubos não apenas de pertences, mas de vidas, destruição de uma nação.

Tudo isso não pode ser fruto do acaso. Fruto apenas

Morte...roubo...destruição...isso te lembra alguém???

Pois é. A mim também.

No paralelo do sofrimento eu consigo criar uma analogia com o apanágio que a bíblia faz do Diabo, o adversário, o inimigo, o encardido.

Sinceramente, não sei se caso o Haiti fosse evangelizado, e sua população fosse esmagadoramente cristã se essa catástrofe não aconteceria. Talvez sim, talvez não. O grande problema não está no fato da catástrofe em si, mas no resultado que ela tem produzido, ou melhor, que ela produz.

Há quem passe por catástrofe e continua esperançoso, caridoso, credo e amoroso, esses, eu posso dizer, são os cristãos genuínos que entenderam o real significado do evangelho. Há quem passe por tormenta é sai dela traumatizado, estigmatizado, doente, precisando de cuidados especiais, de atendimento médico especializado, esses são mais frágeis e carecem de nossa atenção. Há ainda outros que passam por tormentas e saem dela revoltados, violentos, insanos de caráter e torpes na conduta, esses são o playground do príncipe de mundo.

E são estes últimos que grassam no Haiti.

Eles podiam ser cristãos e poderiam agir como agem os cristãos evangélicos fundamentalistas, ou como agiram os cristãos católicos inquisidores, e desta forma não representar o Cristo na terra. Mas, se conhecessem verdadeiramente a verdade que liberta, agiriam como estão agindo os milhões que estão compadecidos e misericordiosos pelo mundo afora, enviando alimentos, roupas, remédios, dinheiro, a si próprios. É uma legião de gente que ama, e que fica estarrecido com as barbáries que o povo comete, mesmo em meio à desgraça.

É certo que a psicologia explica as explosões de ira e violência de um povo enlameado de caos, fome e desesperança, mas a minha espiritualidade me leva para um outro prisma de interpretação.

Cerimônias fúnebres pautadas na égide da magia; explicações animistas para eventos cotidianos; ritos, totens e cerimônias exponencialmente distantes de Deus e de seu Filho. O que isso acarreta? Caos, sofrimento, morte.

Meu Deus, eu tinha tanto ainda para dizer, mas minha alma esta cansada hoje, meus dedos digitam tão rápido quanto a recuperação do Botafogo, ou seja, vai aqui uma dica para o povo de Deus no Haiti, que serve também pra mim:

“Se eu cerrar o céu de modo que não haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo;

e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.

Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste lugar.

Pois agora escolhi e consagrei esta casa, para que nela esteja o meu nome para sempre; e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração perpetuamente.” II Cr 7:13-16

Que um dia a gente ouça e cumpra!

A Ele seja a Glória, e que dEle venha o socorro!

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