A testemunha de vitrine...o caso dos crentes!

Essa é boa; a idéia eu tirei de um sermão do mestre (C.F.), e escrevo agora sobre uma faceta nada agradável, porém super conhecida da maioria da população quando se fala sobre evangélicos, a saber: o testemunha manequim!
“Eu não bebo, não fumo, não danço e não transo”, ou seja, aceitei a conversão do negativa. Uma proposta de vida que será marcada por aquilo que NÃO faço, e NÃO por aquilo que faço.
Parece ser fácil ser crente, e digo crente por não querer abranger todos os cristãos, pois há muito cristão de mente aberta, que se torna conhecido por FAZER e não por DEIXAR de fazer, me entende? Digo que parece porque não é tão fácil assim deixar de fazer aquilo que pode nos dar prazer.
O evangelho da negação é uma falácia. Tal qual “biscoitos são feitos de água e sal. O mar é feito de água e sal, logo o mar é um biscoitão!”, isso não é verdade. Num primeiro momento deixar de fazer as coisas é até necessário, pois indica uma mudança de rumos, uma transformação de vida, e até mesmo facilita a tomada de decisão ao lado de Cristo. Mas com o tempo o evangelho da negação passa a ser uma úlcera que nos consome por dentro, um câncer para nós para o Reino, uma vez que o NÃO constante sempre vem acompanhado de uma clausura social e psíquica.
Vou esmiuçar um pouco mais essa idéia.

Eu era um homem comum, de vida comum, de ideais e praticas comuns, que vivia a religião nominalmente, e curtia a vida socialmente, entregue parcialmente aos prazeres comuns a um jovem homem brasileiro. Um dia, entrei numa igreja e fui catapultado pela graça ao status de “crente” (e aqui não entro nas causas dessa chamada “conversão”). Passei a viver a igreja como primordial importância na minha práxis cotidiana. Parei de beber, terminei o namoro porque ela não era “de Deus” (lê-se: da igreja), joguei fora meus CD´s de música “mundana”, deixei de freqüentar bares e boates, e abri mão das rodas de tereré com meus ex-amigos de farra (agora apenas “conhecidos”), pois alguém me disse que é Bem-Aventurado o homem que não se assenta na roda do escarnecedores, e como quero seguir a bíblia à risca, então não saio mais com eles. Não sei muito bem o que quer dizer “Bem-Aventurado”, tampouco “Escarnecedor”, mas acho que serei mais abençoado por Deus se deixar de conviver com aqueles que fazem piada da igreja de Deus. E agora eu não faço mais as coisas que eu fazia. Saio apenas com o pessoal da minha célula. Ao invés de ir no bar, a gente vai pra casa assistir filme e tocar musicas gospel no violão. Minha família é minha célula. Sinceramente não quero que ela se multiplique, quero continuar perto da igreja que tão bem me acolheu, e me apresentou Jesus e sua família. Agora eu sou um novo homem. Tenho novos amigos e uma nova família.

Essa é uma história muito comum dentro da igreja. Mas (se prepare para o susto), há grandes chances desse sujeito ter adquirido a úlcera do evangelho da negação. Alguns vivem bem com esse estilo de vida perpetuamente. Com outros acontece mais ou menos isso:

Bem, eu larguei tudo para viver para a igreja. Deixei meus amigos, deixei de sair com eles e de rir das piadas que eles faziam. Troquei as reuniões de família pelo convívio com os irmãos. Aniversário, natal e até réveillon eu não passei com meus pais, segui o conselho do pastor e passei na igreja, junto com parte do pessoal da minha célula. Mas infelizmente um dia sobreveio uma tragédia na minha família, e, obviamente, foi procurar ajuda na igreja, mas só encontrei portas fechadas. Um dizia: “ – Puxa, é uma pena irmão, depois prometo que vou orar por você”, do outro ouvi: “ – É, você esta mal mesmo. Confesse seu pecado, alguma coisa você fez de errado para merecer isso”, ou pior “ – O pastor está ocupado preparando sermão, hoje é quinta e ele só tem quatro dias para fazer isso. Deixe seu telefone, assim que ele puder peço para te ligar”. Foram os amigos que larguei que me socorreram. Me emprestaram dinheiro. Levaram minha mãe ao médico. E me demonstraram amor. A célula se desfez faz uns dois anos, cada um para um lado, o líder largou a igreja para morar com um cara, o que fazia o louvor hoje toca nos bares da cidade. Assim como eu cheguei, milhares chegam todos os dias, queira Deus que eles não saiam como eu e tantos outros”.

E por ai vai. Eu podia contar um livro de histórias desse tipo. E esse não é um relato pessoal. Eu nasci crente, vivi e vivo crente, vou morrer crente, mas ao lado daqueles que amo, dentro ou fora da igreja (principalmente fora), sem me importar se estou ou não seguindo os preceitos putrificados da religião.

A conversão de Jesus é afirmação, e não negação...

A conversão do mundo é uma tentativa de ser diferente do cosmos, uma conversão de proposta. Quando na verdade nossa conversão não deveria ser um processo de dessemelhança, mas um ato de contínuo de "se tornar parecido" com Cristo. Isso é afirmação. Isso é ato. Isso é obra.
A gente vive uma anti-moda! Uma negação farisaica e hipócrita que não gera nada. E como disse o mestre a conversão não ter de ser “neurótica com relação ao mundo, nem paranóica em relação ao diabo”, não, pelo contrário, ela dever ser fixada, baseada, alicerçada e firmada em Jesus.
Quer saber. Eu to cansado. Não adianta nada dizer que preciso ser conhecido por aquilo que faço, e não por aquilo que NÃO faço, se o sistema religioso vigente é super-poderoso e dominador, ditador de regras e dogmas essencialmente negativos, engendrando vidas reconhecidas pela cultura do NÃO faço.
Se evangelho fosse isso, a igreja de Cristo seria um mar de manequins, ou melhor ainda, a igreja seria esse famoso exército de Terracota (a foto ai do lado), e Cristo seria o imortal Gal. Imperador Qin.

Soli Deo Gloria

Comentários

Anônimo disse…
Gostei do tema levantado e muito mais do seu comentário, sábio comentário, aliás a igreja ganha muito com uma pessoa como você, colocando os leitores e ouvintes da palavra para pensar. Coisa rara nos meios de comunicação e na igreja também. Abraços...