Eu não apostatei

Porque é tão difícil acreditarem que apenas larguei a igreja hipócrita e nojenta, e não o evangelho?
Eu vivi bons anos da minha vida, não os melhores porque nem pai sou, mas bons anos, intensamente para uma igreja que fede. Prestei contas pra gente que adultera com muitos, pra outros que enriquecem às custas dos dízimos, pra outros que pingam arrogância, gente que tem uma sede satânica de poder, para alguns ignorantes e incultos, para alguns que diziam se importar com a denominação (enquanto lucrassem com ela), e tantos outros podres hipócritas. Esses dias fui obrigado a confessar pecado, minha sujeira me afrontou e pedi perdão a quem me amava (inclusive Deus), mas confesso de cara limpa e de peito aberto: "eu não escondo nada de ninguém". Tudo o que faço, faço na presença de quem quer que seja, sou quem sou onde estou, sem importar a situação. Falo e, principalmente, escrevo o que penso. Ser crente não é apenas fazer parte do rol de membros de uma agremiação social, popularmente chamada igreja.
Sustento que não sou evangélico, pois o termo em causa repulsa (os pormenores podem ser visto no artigo ‘Eu não sou evangélico’ de 12/07), acrescido do fato de que eu conheço a igreja evangélica brasileira, sua hipocrisia e seu pecado escondido, muitas vezes jogado pra baixo do tapete, ou sua conivência interesseira em servir como vigário, a perdoar ofensas.
Não quero me delongar, mas eu creio no poder do evangelho. Na pequenez do meu ser tenho tentado demonstrar o evangelho; no renascimento da minha fé tento falar o máximo possível dela e no que aprendo da vida tenho ajudado a quem posso e quem me pede socorro.
Não larguei a fé, apenas rompi com um sistema corrupto e iníquo, continuo crendo no poder do evangelho, e continuo sentindo saudades da igreja, o processo de esquecimento dela é lento e por demais doloroso; ainda mantenho a convicção de chamado ministerial pois isso é bíblico e não denominacional. Evangelho é, como diz Boff, amor pelos pobres e pela terra, e o que a igreja evangélica tem feito por isso? Muito pouco, é a resposta (no próximo artigo falarei mais sobre isso).
Ainda não descobri a plenitude do que devo fazer, mas estou muito em paz para continuar afastado da minha (ex?)denominação, porque o evangelho não estava e não está condicionado a ela, e tenho conseguido, numa escala menor – compatível com o renascer da minha fé -, viver o evangelho da graça de Deus..
Se você for me ligar, pra saber como estou ou se congraçar com minha dor, não tenha pena de mim, tampouco me peça pra voltar a conviver nesse meio convencional e político da igreja, isso me enoja e me da ânsia só de pensar que um dia amei isso. Tenho orado a Deus, pedindo que, se for da vontade dEle, que me reconduza à igreja (corpo de Cristo formada por gente que peca como eu peco) e não à uma denominação dogmatizada (formada por evangélicos que não pecam como o ‘mundo’ peca).
Não tenho ódio de ninguém, não quero o mal de nenhum líder, quero apenas tentar viver o evangelho que conheci. Se algum dia Deus me mostrar que tudo o que falo e faço é errado, então eu peço perdão, me arrependo e recomeço. Até lá, sigo confiante de que a Paz que hoje desfruto é `fruto`do Deus de Paz e perdão.

Soli Deo Gloria

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