Parca Morada...

“Estreita é a casa de minha alma para que venhas até ela: que seja por ti dilatada. Está em ruínas: Restaura-a!” Sto. Agostinho.
Eu estava lendo Confissões de Agostinho de Hipona, e ele é um cara que salienta e destaca, exacerbadamente, a Soberania de Deus, a ponto de, para mim e Pelágio, deixar o homem quase que como uma marionete nas mãos do Eterno.
Mas uma coisa é verdade, Deus é grande demais para caber dentro de mim, e outra, eu sou decaído e depravado demais para alguém como Ele querer morar em mim. Mas, mesmo assim, Ele fez questão de vir, viver, dizer o que queria, morrer pelo homem, e ressuscitar para ter o domínio e poder de em mim viver e dominar.
Isso é uma idéia insana e ao mesmo tempo poderosa. Deus, um dia em seu Alto e Sublime trono, olha pra baixo, encontra a terra desfigurada. Se reúne com o Filho e o Santo Espírito, e diz: Haja Luz! Faça-se separação das águas da terra seca! Produza! Reproduzam! e, por fim, a trindade se introspecta e solta o “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”; e dá poderes a este homem.
Como era de se esperar, o homem cheio de liberdade erra, peca, e perde sua participação na Glória de Deus, é expulso do paraíso e começa a vagar pela imensidão da terra, sua auto destruição dá início à destruição da coisas criadas.
Algum tempo depois, o homem se torna tão mau e perverso, que Deus decide começar tudo de novo. Ai vem o dilúvio, e a uma família é dada a tarefa de repovoar com integridade e fidelidade a terra. E novamente o homem erra o alvo, peca!
E eu fico pensando que se fosse a minha família a escolhida, e estivesse registrado na bíblia o meu nome como Pai de Jafé (Gn 10:1: “Estas, pois, são as gerações dos filhos de Ludyney: Sem, Cão e Jafé; e nasceram-lhes filhos depois do dilúvio), a história seria exatamente a mesma. Ruínas, transgressão, crimes, destruição, abominação, perversidade, depravação e mais pecado. Mas ainda assim, Deus intenta morar em mim.
O 1º cap de Gênesis é intrigante e revelador. Nos cinco primeiros dias quando Deus acaba de criar todas a fauna e a flora, e a escritura relata que “viu Deus que era bom” , mas no fim do sexto dia, após a criação do homem, há uma superlativação, o que “era bom”, agora se torna “muito bom”.
E por toda a história Deus busca que, este ser criado “muito bom”, se relacione com Ele. É Fantástico isso, o Ser Absoluto Transcendente, se revela e se deixa achar pela criatura, imana nesta e pronto: há um casamento!
Como Agostinho, eu também sei que minha matéria/carne/morada é ínfima e corrompida, mas no relacionamento com Deus eu busco aperfeiçoá-la, e Ele me dá as ferramentas necessárias para isso acontecer. Uma vez que o adoro na “beleza de sua Santidade”, procuro ser cada vez mais “santo” como o Pai é Santo.
É um negocio engraçado, porque eu o adoro porque Ele é Santo, mas para fazer isso com mais plenitude e sentimento genuíno, eu preciso querer e anelar por sua Glória, que é Santa, e alcanço isso pela Graça, que é um dom de Deus, ou seja, só sou santo porque Ele é santo, e só busco e alcanço (quando alcanço) porque Ele dá tanto o querer quanto o realizar. “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”. Rm 11:36
Bem, existe tanta coisa pra falar sobre isso. Sobre Deus querer morar em mim, mas por hoje é só. Acabou minha inspiração literária!

Soli Deo Gloria

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